O texto discursivo-argumentativo

Estive relendo e revivendo Sir Winston Churchill nos últimos dias, reambientando-me em sua trajetória pelos caminhos dificultosos daqueles dias cruciais de maio de 1940, quando assumiu – não sendo exatamente a primeira opção – a chefia do governo da Inglaterra num dos momentos mais tenebrosos da história do ser humano no século XX.

No dia em que assumiu o governo, Winston fez uma frase que considero emblemática: “tinha certeza de não fracassar.” Além disso, em seu depoimento ganhador do prêmio Nobel de Literatura de 1953, ao afirmar que na noite primaveril de 10 de maio de 1940, “dormiu profundamente”, acrescentou: “…não precisei de sonhos animadores; fatos são melhores que sonhos“.

Antes de continuar, vale a lembrança: ao demonstrar tamanha convicção diante de tão grande desafio, Churchill tinha acumulado dentro de si enorme bagagem de conhecimento e experiência, ou seja, não era simples “otimismo” ou apenas um temerário “pensamento positivo”.

Ok. Usei esse episódio para chamar a sua atenção, leitor / leitora que está no árduo caminho da preparação para um concurso público – civil, militar ou vestibular  –  em que se tenha a obrigação de produzir um texto discursivo-argumentativo. Quero ajudá-lo a, quando chegar o dia de sua prova, ter a certeza de não fracassar, e, no dia anterior a ela, dormir bem e profundamente, sabendo que fatos são melhores que sonhos e que será fato a sua aprovação. Que tal? Topa?

Pense comigo: tanto quanto o nobre primeiro-ministro inglês, nós, seres humanos, ao longo de nossa existência, precisamos expressar o que sentimos ou pensamos sobre a vida que nos cerca. Falando ou escrevendo, é o desejo de mostrar nossas próprias formas de percepção que nos tira da inércia do silêncio e nos movimenta na busca por estabelecer comunicação com nosso semelhante, não é mesmo? Porém, nem sempre somos exatamente bem compreendidos, pois a adequada compreensão da mensagem por nós criada em um momento comunicativo depende também do receptor, da capacidade de ele entender o que se está querendo comunicar e, ainda, do sentido atribuído por ele àquilo que expressamos. Costumo dizer para meus alunos que, diferentemente das provas objetivas, que são corrigidas por computadores e seus softwares, provas discursivas serão corrigidas por homens e mulheres que, sim, podem – e devem! – sentirem-se convencidos, seduzidos pelo texto que estão lendo.

Partindo para a prática, meu/minha nobre, considerando-se as famosas redações, vale ter em mente que estes textos são mensagens em que o emissor (você) e o receptor (o avaliador de seu texto) estão distantes, no tempo e no espaço; assim, fique ligado que os significados impressos no seu texto – ou aqueles que você pretende imprimir – dependem ainda mais da correlação e da identidade que o examinador da banca (receptor) estabelece com a sua produção escrita.

Muita gente se esquece de que candidato e avaliador possuem informações diferentes sobre o mundo que os cerca, seja na qualidade, seja na quantidade, considerando, equivocadamente, que tais conhecimentos de mundo são ou têm de ser os mesmos. É por isso que cabe a você, candidato (a), fundamentar seu texto em uma base partilhada de conhecimentos, trazer reflexões pertinentes e precisas sobre o tema proposto pela banca examinadora, sem que, com isso, seu texto se perca em explicações desnecessárias e comprometa a progressão textual.

Para que você entenda melhor o que dispus no parágrafo anterior, vou compartilhar o que faço em toda minha primeira aula de produção textual: sempre faço questão de dizer para meus alunos que a busca pelo conhecimento se realiza não só na sala de aula, mas também por meio da leitura de bons livros, bons jornais, boas revistas, boas publicações online e, principalmente, da competente interpretação e apreensão dos conteúdos lidos. Meu/minha nobre candidato (a), você deve amparar-se nesses dois pilares – leitura e reflexão – se quiser elaborar textos de qualidade, não apenas para “passar na prova”, mas ao longo de sua vida profissional/acadêmica; para efeitos mais pragmáticos, considerando as provas que fará, tenha certeza de que o examinador de sua banca é, certamente, uma pessoa que também realiza boas leituras e, por isso, se o seu texto alcançar um conhecimento partilhado por ele, será bem avaliado.

As bancas examinadoras têm a missão de selecionar os mais preparados para as vagas disponibilizadas pelas instituições para as quais trabalham; uma das maneiras de estabelecer esse julgamento é propondo um tema que teste a percepção de mundo e o posicionamento crítico do candidato, os quais devem ser mostrados em textos bem elaborados, estruturados e concluídos corretamente. Se o seu objetivo é demonstrar que sabe se posicionar diante de um tema, saiba que, para o cumprimento dessa tarefa, deve seguir os seguintes passos: identificar adequadamente o tema, criar uma tese pertinente a ele, justificá-la e comprová-la a partir de argumentos de apoio que a sustentem e dar fechamento adequado ao seu posicionamento, pois só assim você estará construindo um texto discursivo-argumentativo que satisfará a expectativa dos avaliadores. Esse percurso, tenha plena certeza, vale para qualquer prova, qualquer concurso que lhe peça para dissertar argumentativamente.

Em posts futuros, meus textos trarão dicas sobre como dar esses passos importantes para que você comece a perseguição pela nota necessária à aprovação no seu concurso.

Siga firme, meu/minha nobre, com a determinação dos guerreiros e a convicção dos vitoriosos! Vamos juntos ter a certeza de não fracassar para dormir bem e profundamente, sabendo que os fatos virão – a sua aprovação e sua realização profissional/acadêmica – e eles – os fatos – são melhores que os sonhos, conforme nos ensinou Sir Winston Churchill.

Um grande abraço!

Andre Ben Noach

Publicado por profandrebennoach

Professor de Língua Portuguesa, Produção Textual (Redação Oficial e Argumentativa) e Literaturas de Língua Portuguesa, é especialista em História da Literatura. Trabalha há mais de 15 anos preparando candidatos para provas de concursos públicos civis, militares e vestibulares. Escritor de ficção, materiais didáticos e de preparação para concursos de todos os níveis. Andre Ben Noach é casado e é pai de um filho.

Um comentário em “O texto discursivo-argumentativo

Deixe um comentário

Crie um site como este com o WordPress.com
Comece agora